Agosto/2013 – Estadão
O mercado imobiliário manteve o fôlego em junho e terminou o primeiro semestre de 2013 com um resultado que admirou até representantes do setor. De acordo com a Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp), a cidade de São Paulo recebeu 13.983 imóveis residenciais de janeiro a junho, 51,59% a mais do que no mesmo período de 2012.
“Esse desempenho é relativamente surpreendente. Isso significa que o mercado está aquecido e que o setor está conseguindo detectar a vontade de mercado”, diz o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Claudio Bernardes. Ele lembra também que as vendas no ano seguem em ritmo forte – em maio, atingiram 3.278 unidades, o melhor resultado para o mês desde 2009.
Os imóveis de dois dormitórios foram os mais populares neste ano, somando 5.676 ofertas. Desse total, 179 unidades estão no empreendimento Go Maracá, lançamento da incorporadora Gafisa na região do Jabaquara, zona sul da capital. O edifício terá unidades com metragens variando entre 71 metros quadrados e 74 m², na média de tamanho dos novos residenciais paulistanos.
As unidades de até um dormitório – categoria que inclui os studios – também se destacaram no período, com 3.565 produtos, 377% a mais do que o lançado nos primeiros seis meses do ano passado. Houve ainda 3.322 imóveis com três dormitórios e outros 1.420 com quatro ou mais dormitórios. Das quase 14 mil ofertas, 95,50% estão em edifícios, segundo a Embraesp.
O preço do metro quadrado lançado em São Paulo desde janeiro foi de R$ 8.433, mas os valores podem variar consideravelmente na cidade. O metro quadrado em um apartamento no c0ndomínio My Station Vila Sonia, da incorporadora Trisul, por exemplo, custa em média de R$ 6.350 – esse lançamento possui unidades de dois dormitórios, com 62 m², e de três dormitórios, com 76 m². O estoque desse empreendimento, lançado há um mês, é de 40%.
Na região metropolitana, os resultados seguem a mesma tendência da capital, embora sejam um pouco menos espetaculares. Os vizinhos de São Paulo receberam, ao todo, 2.657 imóveis, alta de 26,24% frente a 2012. Também houve por lá predomínio dos dois dormitórios (veja mais detalhes no gráfico abaixo).
Para o diretor de novos negócios da imobiliária Abyara Brasil Brokers, Thiago Castro, o bom resultado de 2013 pode ser atribuído à maior iniciativa de grandes incorporadoras após um período de reestruturações internas no ano passado. “O resultado poderia ter sido maior. Muita coisa deixou de ser aprovada nesse período de transição, com uma nova gestão na Prefeitura”, explica. Ele vê boas perspectivas especialmente para os projetos compactos voltados para investidores.
O coordenador do curso de pós-graduação em negócios imobiliários da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), Ricardo Gonçalves, também vê no represamento de projetos uma razão para o primeiro semestre gordo de 2013 e se mantém otimista para o desempenho do mercado até dezembro. “Se houve tendência de crescimento até junho, o ano deve terminar em alta, mas o porcentual deve ser menor.
Claudio Bernardes, do Secovi-SP, também acredita na acomodação de lançamentos até dezembro. “Nada nos faz acreditar – os fundamentos econômicos e o desempenho da economia – que teremos um ano muito fora da curva”, diz.
Comerciais. O primeiro semestre não repetiu no segmento comercial os resultados surpreendentes da fatia residencial do mercado, mas não deixou de apresentar crescimento. De janeiro a junho, 2.828 novos conjuntos foram colocados à venda na cidade de São Paulo, de acordo com a Embraesp. O número representa alta de 6,08% ante o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram registrados 22 empreendimentos, um a mais do que o apurado em 2012.
A zona sul recebeu 43% do toral de novos conjuntos nos seis primeiros meses de 2013, com destaque para a Aclimação e seus 433 imóveis. A região central figura na segunda posição, com 571 conjuntos, seguida pela zona oeste, com 457. Na zona leste, apenas o Tatuapé teve lançamentos, reunindo 398 salas. Na zona norte, Santana reinou sozinho, somando 60 imóveis.
O empreendimento Praça Pamplona, na Bela Vista, é um dos mais recentes produtos colocado no mercado. Lançado em junho pela Brookfield Incorporações, ele terá 364 salas com metragens variando de 32 m² a 167 m². O projeto tem como diferenciais um teatro digital, um centro de pesquisas, além de uma área verde para convivência. O metro quadrado por lá custa a partir de R$ 16,5 mil.
De maneira geral, os valores na cidade são um pouco mais baixos. O metro quadrado dos novos imóveis paulistanos, segundo a Embraesp, está avaliado em R$ 14.549, em média. A área útil média das salas lançadas no semestre é de 56,92 m².
Além da oferta na capital, outras 1.338 salas foram lançadas na região metropolitana, todas em Osasco (1.254) e em São Bernardo do Campo (84). De acordo com a Embraesp, há opções no mercado com metragens a partir de 28 m² e valores de metro quadrado em cerca de R$ 7,1 mil.