Incorporadoras embarcam no boom imobiliário sul-americano
Posted by Fred Rangel Comment |
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Abril/2013- New York Times
Durante décadas, a América do Sul foi vista como uma aposta perigosa por muitas empresas estrangeiras do setor imobiliário. Agora, incorporadoras como a RelatedGroup, da Flórida, e investidores imobiliários, como o bilionário Sam Zell, estão construindo imóveis comerciais e residenciais no Uruguai, na Colômbia e, especialmente, no Brasil.
Antigamente, a maior preocupação dos brasileiros ricos costumava ser a de tirar o dinheiro do país. Hoje, o aumento da renda e a estabilidade econômica deixam mais brasileiros confiantes para investir também internamente.
“Alguém do interior do Brasil, que, no passado, teria comprado uma casa em Paris ou em Nova York, vai agora comprá-la no Rio”, disse José Condes Caldas, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Rio. Em seus 41 anos no setor, acrescentou ele, “esta é a melhor época de todas as épocas”.
O preço médio de um apartamento de quatro dormitórios em Ipanema, na zona sul carioca, quase sextuplicou entre 2008 e 2012, superando a cifra de R$ 5 milhões. A alta foi estimulada pela descoberta das reservas petrolíferas do pré-sal e pela escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016. Mesmo no deteriorado centro da cidade, apartamentos de um dormitório triplicaram de preço nesse período.
São Paulo e Rio são atualmente a nona e décima cidades do mundo onde mais vivem indivíduos com patrimônio de pelo menos US$ 30 milhões, segundo a empresa imobiliária londrina Knight Frank.
Mas será que os bons tempos estão terminando? Ultimamente, as vendas de novos imóveis residenciais perderam fôlego. No Rio e em São Paulo, o número de novos empreendimentos residenciais atingiu o pico em 2010. As vendas de moradias em São Paulo caíram quase 5% no ano passado.
Mas isso não dissuade incorporadores como Jorge Pérez, presidente da RelatedGroup, que faz uma aposta considerável na demanda brasileira por imóveis residenciais de luxo na próxima década. “São Paulo teve um período de excesso de construções, mas se aquietou nos últimos anos”, afirmou Pérez. “[Mas] sentimos que, na próxima década, o Brasil terá uma taxa de crescimento bem maior do que a dos EUA, e definitivamente [maior] do que a da Europa.”
A Related Brasil está investindo R$ 200 milhões em um complexo com várias torres no Morumbi, em São Paulo. Lá haverá condomínios, escritórios, lojas e um hotel.
A primeira fase, que deve começar a ser erguida no ano que vem, terá cinco torres, com 672 unidades. A segunda será ainda maior, segundo ele.
A Related também está trabalhando em outros dois projetos de luxo em São Paulo e vasculhando o Rio em busca de oportunidades na zona portuária, onde há um projeto de revitalização em curso.
Entre os envolvidos com a Related Brasil, está Clifford Sobel, ex-embaixador dos EUA em Brasília, que, em 2007, escreveu um comunicado diplomático –depois divulgado pelo Wikileaks– afirmando que a “lua de mel” estava só começando para os investidores imobiliários americanos no Brasil.
No Rio, a TrumpOrganization está licenciando seu nome para um multibilionário complexo comercial na zona portuária, onde há planos para que surja um novo bairro de alta valorização, com dezenas de milhares de moradores. Donald Trump Jr. supervisiona o projeto. “Pode ser o maior empreendimento comercial urbano em todos os países do grupo Bric”, disse, referindo-se à sigla que abarca Brasil, Rússia, Índia e China.
No Uruguai, Trump está emprestando seu nome a um condomínio no balneário de Punta del Este. O empreendimento, de US$ 100 milhões, terá 129 apartamentos em 25 andares, com vista para a praia. O preço das unidades irá variar de US$ 650 mil a US$ 2,5 milhões.
Outro americano com investimentos imobiliários na América Latina é Zell, que fundou a EquityInternational em 1999 com Gary Garrabrant.
Na Colômbia, país marcado por décadas de ataques rebeldes que deixaram investidores estrangeiros ariscos, a EquityInternational tem um investimento de US$ 75 milhões na empresa Terranum Corporate Properties, de Bogotá, que está desenvolvendo um complexo de uso misto com 185 mil m2 perto do aeroporto internacional El Dorado, na capital do país.
Tom Heneghan, executivo-chefe da EquityInternational, disse que o interesse dos investidores imobiliários pela Colômbia vem crescendo. “O mercado vai começar a ficar mais lotado, como já vimos no Brasil”, prevê.