Investimentos que antes eram só para ricos, mas já estão acessíveis
Posted by Fred Rangel Comment |
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maio
Maio/2013 – InfoMoney
Muitas aplicações foram “democratizadas” nos últimos anos e o pequeno investidor tem um leque maior de opções.
SÃO PAULO – Investir em imóveis comerciais de alto padrão, em títulos de dívidas de empresas privadas que oferecem uma remuneração atrativa, ou em CDBs com retorno acima de 100% do CDI. É provável que você pense que essas aplicações não são para o seu bolso, mas isso não é mais verdade.
Muitos investimentos que antes estavam disponíveis apenas para investidores com muitos recursos já podem ser adquiridos por pessoas com uma conta bancária comum. Veja abaixo alguns deles:
Imóveis comerciais de alto padrão (via fundos imobiliários)
Se investir em imóveis comerciais era coisa para quem tinha muito dinheiro na conta bancária, isso agora já não é mais verdade. Os fundos imobiliários não são tão novos assim (existem fundos negociados na bolsa desde 2003), mas nos últimos anos eles se popularizaram, ganharam liquidez e proporcionaram uma nova opção para o pequeno investidor.
As cotas, grande parte das vezes, são emitidas por R$ 100. Com R$ 10 mil, por exemplo, é possível comprar 100 cotas de um fundo imobiliário na sua emissão. No mercado secundário, você compra quantas cotas quiser pelo seu preço de mercado –lembrando que comprar poucas cotas pode não valer a pena por conta da taxa de corretagem.
Entre as principais vantagens dos fundos imobiliários está justamente a exposição a imóveis comerciais de alta qualidade por um preço bastante acessível. Além disso, o investidor não precisa se preocupar com a gestão dos ativos, já que essa tarefa é de responsabilidade do gestor do fundo.
Outra grande vantagem para o investidor pessoa física é a isenção de imposto de renda sobre a rentabilidade (com algumas exceções, o investidor não paga IR sobre os rendimentos mensais).
Riscos
Mas os fundos imobiliários também possuem riscos., como qualquer aplicação financeira. Em primeiro lugar, é importante lembrar que, apesar de proporcionar uma renda mensal (proveniente dos aluguéis), as cotas destes fundos oscilam de acordo com o mercado. Portanto, você pode ter prejuízo na venda das cotas caso elas se desvalorizem – é o chamado risco de mercado.
Também existe o risco de vacância (desocupação) do imóvel. Neste caso, o investidor terá um rendimento mensal impactado. Este risco aumenta em fundos menos diversificados, que possuem menos imóveis em seu portfólio – no caso de um inquilino sair, o impacto é muito maior.
O risco de liquidez, apesar de ser bem menor do que há alguns anos, também existe. Dependendo do fundo que você comprar e a quantidade de cotas, você pode ter uma certa dificuldade de vendê-las. Este risco é mitigado em fundos mais populares, como o BC Fund e o BB Progressivo II.
LCI e LCAs
As LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) também já podem fazer parte da carteira dos pequenos investidores. “A corrida para manter os clientes [devido à queda dos juros] fez com que os bancos transformassem produtos que partiam de um alto investimento mínimo em investimentos bastante acessíveis. As LCIs hoje são encontradas por valores a partir de 1.000 reais”, afirma o diretor da Valore Investimentos Personalizados, Sérgio Quintella.
A LCI é um título de renda fixa emitido por bancos e lastreado por empréstimos imobiliários. Os títulos podem ter rentabilidade pré ou pós-fixada. Também emitida pelos bancos, a LCA é lastreada por dívidas contraídas no setor do agronegócio. Estes títulos foram lançados pelo governo com objetivo de ampliar os recursos disponíveis ao financiamento agropecuário.
Tanto as LCIs quanto as LCAs possuem isenção de imposto de renda para as pessoas físicas, o que faz uma grande diferença principalmente pensando no longo prazo. No caso das LCIs, outra vantagem é que a aplicação é garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Créditos) até o limite de R$ 70 mil. Ou seja, se o banco “quebrar”, o investidor está protegido até este valor.
Já a LCA não possui garantia do fundo, por isso é preciso ficar mais atento para a qualidade do banco emissor. De qualquer maneira, tanto as LCas quanto as LCIs são indicadas por especialistas como uma boa maneira de diversificar a certeira de renda fixa, com aplicações que trazem retornos líquidos maiores.
Riscos
Tanto a LCI quanto a LCA têm o risco de crédito, em caso de “quebra” do banco que emitiu o título. Entretanto, é importante lembrar que, na LCI, este risco é mitigado por conta da garantia do FGC para o investidor que respeitar o limite de R$ 70 mil.
Estes títulos também possuem risco de liquidez, já que possuem prazo predeterminado. Em muitos casos, os investidores que aceitam ficar mais tempo com os títulos também têm um retorno melhor, então é importante fazer esta análise antes de comprar.
Debêntures
As debêntures são títulos de dívidas de empresas privadas. Quando compra uma debênture, o investidor está emprestando dinheiro para uma empresa, e este empréstimo deve ser pago de volta com juros, independentemente de a empresa ter lucro ou prejuízo. Há algum tempo atrás, este tipo de investimento só estava acessível para grandes investidores, o que agora não é mais verdade. “Trata-se de um investimento cada vez mais acessível devido à procura cada vez maior e o belo trabalho das corretoras em desenvolver um mercado secundário mais líquido”, afirma Quintella. “O mínimo a ser investido varia podendo ser R$ 1 mil”, continua.
O educador financeiro André Massaro lembra que as debêntures são ainda pouco populares no Brasil, até mesmo investidores “ricos” têm dificuldade de acesso a elas, mas a tendência é de popularização, inclusive com emissões abertas ao público geral. “Nos EUA, por exemplo, onde elas são conhecidas como “Corporate Bonds”, são extremamente populares e fazem parte do portfólio de muitos investidores comuns”, afirma.
Riscos
Um dos principais riscos das debêntures é o risco de crédito. Como estas aplicações não possuem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos), o investidor deve ficar atento à qualidade do emissor. Normalmente, estes títulos possuem classificação de agências de classificação de riscos, que deve ser observada antes do investimento.
Ao mesmo tempo, quanto maior o risco, maior costuma ser a rentabilidade destes títulos. Cabe ao investidor analisar antes de adquirir determinado título, levando em consideração o seu apetite por risco e a sua expectativa de remuneração.
O risco de liquidez também está presente nas debêntures. Estes títulos dificilmente são encontrados no mercado secundário, ou seja, após a emissão inicial costuma ser bastante complicado encontrar debêntures para comprar ou vender.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto permite que pequenos investidores apliquem em títulos do Tesouro Nacional, o que antes só era disponibilizado para os investidores institucionais. “Até 2002 (ano de criação do programa) só as instituições financeiras podiam negociar os títulos públicos, e pessoas que quisessem investir obrigatoriamente tinham que recorrer aos fundos de investimento”, ressalta André Massaro.
Para o investidor pessoa física, o Tesouro é considerado uma opção de investimento segura (já que os títulos públicos são considerados os ativos mais seguros de um país) e de custo baixo, que pode garantir um retorno compatível com os melhores investimentos de renda fixa.
Existem diversos tipos de títulos que podem ser comprados pelos investidores, cada um mais indicado para determinado cenário econômico. Veja os principais:
LTN – Letra do Tesouro Nacional – Título com rentabilidade definida (taxa pré-fixada) no momento da compra
LFT – Letra Financeira do Tesouro – Título com rentabilidade diária vinculada à taxa Selic
NTN-B e NTN-B Principal – Nota do Tesouro Nacional, série B – Títulos com rentabilidade vinculada à variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a inflação “oficial” do país), acrescida de juros
Riscos
O risco de crédito é baixíssimo, já que os títulos emitidos pelo Governo são considerados os ativos mais seguros do mercado – afinal, é muito mais fácil um banco ou uma instituição privada “quebrar” do que um país inteiro.
Estes títulos também possuem volatilidade (alguns mais do que outros) e o preço do título pode oscilar durante o período da sua validade. Assim, se o investidor precisar resgatar o papel antes do vencimento, pode conseguir um valor menor do que o aplicado – ou maior, dependendo da oscilação do título.
Investir em ações via home broker
O home broker, sistema que permite a negociação de ações de qualquer computador com acesso a internet, surgiu na década de 90 e foi responsável por um grande passo na popularização da bolsa de valores, de acordo com André Massaro. “Até então bolsa era vista como ‘coisa de gente rica’”, afirma o educador financeiro. Agora, qualquer investidor pode se cadastrar em uma corretora e fazer operações por meio do home broker da sua própria casa.
O investimento em ações é visto como uma boa opção, especialmente para aplicações de longo prazo. Tomando os cuidados necessários, analisando bem as companhias e investindo com consciência, este é um investimento muito recomendado, principalemente para quem pensa em resgatar o dinheiro só depois de muitos anos – na aposentadoria por exemplo. Dessa maneira, é possível participar do crescimento das empresas, ganhar com a valorização das suas cotas na bolsa e também com a distribuição de dividendos (parte do lucro distribuído aos acionistas minoritários).
Massaro aponta que a criação dos mini contratos futuros (Web trading) na BM&F também foi um marco na popularização dos mercados. “O mini contrato futuro do Ibovespa (o famoso “WINFUT”) é muito popular entre os traders que operam pequenos valores”, diz o educador financeiro.
Riscos
O mercado acionário é de renda variável, portanto, não existe nenhuma garantia de retorno. Por isso, a análise criteriosa dos papéis é muito importante antes da aplicação – caso não tenha conhecimento para isso, o ideal é procurar ajuda de especialistas.
Além do risco de mercado, também existe o risco de liquidez. Enquanto alguns papéis são extremamente líquidos, ações de empresas menores e menos conhecidas podem apresentar baixa negociação, o que pode prejudicar um investidor que precisa se desfazer dos papéis com alguma urgência.
CDBs que pagam 100% ou mais do CDI
Investir em CDBs que pagam um percentual elevado do CDI antigamente só estava disponível para clientes de alta renda dos bancos. Para conseguir 100% do CDI no CDB pós-fixado, era preciso ter muito dinheiro investido e ter um ótimo relacionamento com a instituição.
Nos bancos de maior porte, a exigência de valores elevados para um retorno atrativo ainda existe. No entanto, muitas instituições financeiras de médio porte já oferecem CDBs com rentabilidade de 100% ou até mais do CDI para os investidores.
Se o risco de crédito destes bancos é maior – e maior risco é sinônimo de retornos maiores, os investidores podem mitigá-lo investindo até R$ 70 mil em cada instituição financeira. Isso porque os CDBs são garantidos pelo FGC até este limite (que é alterado periodicamente). Assim, ao aplicar em CDBs de bancos médios , o investidor garante uma rentabilidade maior e tem a segurança de que, em caso de quebra da instituição financeira, ele terá seu dinheiro de volta.
Algumas instituições disponibilizam ainda o chamado CDB Progressivo (ou escalonado), que oferece retornos maiores à medida que o prazo de aplicação aumenta. Neste caso, se o investidor ficar até o final do prazo do título, costuma receber um percentual ainda mais alto do título. Se precisar retirar antes por alguma emergência, ele também oferece liquidez imediata, mas o retorno é menor.