Incorporadoras ainda têm problemas
Posted by Fred Rangel Comment |
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maio
Maio/2013 – Valor
O mercado avalia que os balanços do primeiro trimestre de parte das maiores incorporadoras de capital aberto ainda trarão resultados ruins. A expectativa refere-se, principalmente, ao desempenho esperado para PDG Realty, Gafisa e Rossi Residencial, conforme a média das projeções da BES Securities, da Bradesco Corretora e do JP Morgan.
Há perspectiva que os cancelamentos de vendas do setor, os distratos, tenham aumentado, no trimestre, em função dos volumes de entregas em curso. Os distratos têm impacto nas vendas líquidas e, consequentemente, na receita das incorporadoras. Além dos cancelamentos, espera-se que as margens tenham sido pressionadas pela entrega de projetos antigos, menos rentáveis.
As atenções se voltam também para qual será o nível de despesas gerais e administrativas reportadas em relação às respectivas receitas das companhias.
Para a PDG, a média das estimativas indica prejuízo líquido de R$ 48,7 milhões, ante o lucro líquido de R$ 32 milhões no primeiro trimestre de 2012. De acordo com a média das projeções, a receita líquida terá queda de 17,6%, para R$ 1,22 bilhão. Em relatório, a BES diz não descartar estouros de custos adicionais da PDG nos resultados do primeiro trimestre. A BES informou esperar que a PDG tenha gerado caixa de R$ 34 milhões no período.
No caso da Gafisa, a média das projeções aponta para prejuízo líquido de R$ 23,4 milhões, 25,8% menor que o do primeiro trimestre do ano passado e indica queda de 9,5% na receita líquida, para R$ 839,7 milhões. A Gafisa divulgou redução de 34% nos seus lançamentos no trimestre ante o mesmo período de 2012 e queda de 50% nas vendas. A BES diz esperar impacto negativo na receita líquida do aumento dos cancelamentos de vendas no trimestre.
Para a Rossi, as estimativas vão de prejuízo de R$ 44 milhões a lucro de R$ 1 milhão, ante o lucro líquido de R$ 62,56 milhões do primeiro trimestre de 2012. A receita líquida terá queda de 21%, de acordo com a média das estimativas, para R$ 657 milhões. Assim como a PDG, a Rossi não divulgou ainda sua prévia operacional. A BES afirma que há risco de a margem bruta da Rossi ter sido reduzida, pois a empresa pode ter oferecido descontos para finalizar seus estoques de imóveis.
Em relação à MRV Engenharia, a média das projeções indica queda de 4,3% no lucro líquido do primeiro trimestre, para R$ 111 milhões. A média das estimativas para a receita aponta alta de 2,6%, para R$ 1,03 bilhão. A BES estima geração de caixa pela MRV de R$ 24 milhões no primeiro trimestre. No período, os lançamentos da MRV cresceram 17%, e as vendas contratadas da companhia subiram 34%.
Já para a Cyrela Brazil Realty, o lucro calculado a partir da média das três projeções para o trimestre é de R$ 185,3 milhões, 57,2% acima do registrado no mesmo período do ano passado. Conforme a média das estimativas, a receita líquida da empresa terá queda de 1,42%, para R$ 1,42 bilhão. Os lançamentos da Cyrela caíram 17,9% no trimestre, e as vendas tiveram redução de 1%. Segundo estimativa da BES, a Cyrela gerou caixa de R$ 32 milhões no primeiro trimestre.
Na avaliação da BES, Cyrela e MRV vão reportar os melhores resultados trimestrais entre as incorporadoras de sua cobertura, sem surpresas em relação às margens, ao ROE (retorno sobre patrimônio) e à alavancagem. Segundo a BES, essas duas incorporadoras parecem estar à frente de seus pares em termos de implementação de suas estratégias de recuperação.
Para Brookfield Incorporações e Tecnisa, a BES diz esperar resultados neutros, o que é “positivo no cenário atual”. O JP Morgan não projetou os resultados dessas duas incorporadoras. BES e Bradesco estimam melhora do lucro líquido e da receita da Brookfield, ante os indicadores respectivos de R$ 4 milhões e de R$ 672 milhões do primeiro trimestre do ano passado. A Brookfield publica seus resultados hoje. A empresa não divulgou prévia operacional.
Para a Tecnisa, a perspectiva é que a incorporadora obtenha lucro líquido no trimestre, ante o prejuízo líquido de R$ 11,33 milhões do mesmo intervalo do ano passado. As projeções apontam também melhora da receita líquida. No trimestre, a Tecnisa lançou R$ 670 milhões e vendeu R$ 64 milhões. A companhia não tinha lançado nada nos três primeiros meses de 2012. As vendas cresceram 150% na comparação dos dois períodos.
Dos lançamentos da Tecnisa, R$ 572 milhões se referem às primeiras torres do Jardim das Perdizes, na zona oeste de São Paulo, seu maior projeto. A BES diz esperar que o Jardim das Perdizes tenha impacto de R$ 70 milhões na receita líquida da Tecnisa do trimestre.