Escassez de terrenos limita hotelaria
Posted by Fred Rangel Comment |
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fev
January 2012 – Valor Econômico
Acostumada a sediar grandes eventos nacionais e internacionais, com público de 11,7 milhões em 2010, dos quais 1,6 milhoes de estrangeiros, São Paulo terá de vencer o desafio de hospedar, entre junho e julho de 2014, os visitantes que virão para os jogos da Copa do Mundo. Só de estrangeiros, estima-se que passarão pela cidade quase metade dos 600 mil torcedores. Hoje seus 410 hotéis e 42 mil leitos acusam taxa de ocupação perto de 70% e a quantidade de novos leitos previstos para 2014 é pouco expressiva: entre 1 mil e 3 mil.
Interesse em investir em novos hotéis não falta, mas os preços dos escassos terrenos dispararam com o aquecimento imobiliário, descolando-se das diárias praticadas pelos hotéis na capital – de R$ 232 em média, no primeiro semestre de 2011-, e a conta por enquanto não fecha.
“A cidade já precisa de novos hotéis”, diz Carolina Haro, sócia diretora da Mapie Consultoria. Uma ocupação de 70% em turismo de negócios, o forte da cidade, significa lotação completa durante a semana. “São poucos os novos projetos e qualquer um que começar agora não vai ficar pronto para atender à Copa.” Segundo a consultora, há dez empreendimentos sendo construídos na área metropolitana e que ficarão prontos em 2014, incluindo a reforma do tradicional Ca’d’Oro, o primeiro cinco estrelas da cidade, e as três torres hoteleiras previstas no projeto de reforma e ampliação do estádio do Morumbi, com investimentos estimados em R$ 100 milhões.
A consultora acredita que boa parte dos visitantes deverá se hospedar na região metropolitana ou em cidades próximas a São Paulo, como Campinas. Mauro Massao Johashi, sócio diretor da consultoria de gestão da BDO RCS, também prevê que cidades num raio de 80 quilômetros em torno da capital vão ser favorecidas, incluindo Jundiaí, Sorocaba, São Roque, Valinhos e Atibaia.
Os mais otimistas ponderam que no período da Copa ninguém vai agendar congresso ou encontro de negócios na cidade e os hotéis poderão tranquilamente hospedar os visitantes. “Habituada a um grande fluxo de eventos, que equivalem a uma Copa por mês, tenho certeza que São Paulo está preparada para receber os torcedores. Haverá apenas uma substituição de público”, diz Toni Sando, diretor superintendente do São Paulo Convention & Visitors Bureau, fundação que promove o turismo local.
“Temos tradição em grandes eventos”, concorda Julio Serson, vice-presidente do Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB). São Paulo sedia 90 mil eventos por ano, o que dá um evento a cada 6 minutos. Na cidade, são realizadas 120 das 176 grandes feiras do Brasil. Em 2010, a permanência dos visitantes estrangeiros foi de 5,6 dias e a dos brasileiros, de 3,6 dias, segundo o São Paulo Convention & Visitors Bureau. Mais do que condições de hospedagem, o que preocupa os hoteleiros é a infraestrutura de transporte da cidade, a começar pelos aeroportos lotados e o trânsito caótico para chegar até o hotel.
“Posso atender os hóspedes desde que eles cheguem ao hotel e possam sair dele”, diz Christer Holtze, vice-presidente sênior de operações da Atlantica Hotels, com 20 empreendimentos na cidade e na região metropolitana.
Na corrida para acompanhar o crescimento do turismo, o executivo aponta como desafio a disputa pela mão de obra. A empresa mantém um sistema de treinamento contínuo, com 80 cursos especiais, tanto presenciais como por rede fechada de TV.
“Já é difícil encontrar mão de obra para setores com jornadas normais de trabalho, imagine para um hotel, que precisa funcionar 24 horas por dia, durante os 365 dias do ano”, diz Abel Castro, diretor de desenvolvimento para a América Latina da Accor, que tem na cidade sua maior rede, com 33 hotéis e 7 mil quartos de todas as bandeiras. Como em outras unidades na América Latina, ela oferece cursos em sua universidade corporativa. Embora registre ocupação média de 77,8% na cidade, a Accor não está construindo um novo hotel em São Paulo – no país todo são 80 novos negócios em andamento.
Já a Blue Tree Hotels pretende agregar até 2014 quatro novos hotéis, com 1.389 apartamentos, à sua rede atual de seis unidades e 1.571 quartos na cidade, segundo Chieko Aoki, presidente da companhia. A mais nova unidade será instalada no município de Barueri, região metropolitana de São Paulo, e deve ficar pronta no primeiro semestre de 2014.