Construtoras ‘repaginam’ ruas para lançar imóveis em São Paulo
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fev
January 2012 – Folha de São Paulo
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Ações incluem reforma de calçada, plantio de árvores e pintura na vizinhança. Embelezamento nos arredores dos prédios consome parte da verba destinada ao marketing de grandes lançamentos.
Calçadas esburacadas, ruas cinzentas e até mesmo uma vizinhança desbotada não podem mais ficar no caminho dos lançamentos imobiliários paulistanos. Para que os novos empreendimentos não sejam ofuscados por uma vizinhança “caidinha”, construtoras e incorporadoras já reformam calçadas, plantam árvores e até pintam a casa do vizinho.
A estratégia é tão importante para as vendas que o dinheiro para o embelezamento do entorno sai da verba de marketing.
A construtora Requadra, quando apostou na então degradada rua Paim, na Bela Vista (região central), para um novo condomínio, achou por bem pintar as casinhas antigas da rua. Bateu de porta em porta para pedir o consentimento dos vizinhos. “Fizemos limpeza, pintura e trocamos portões, para valorizar o empreendimento”, diz Marcos França, diretor comercial da Requadra, especializada no centro.
Já na Álvaro de Carvalho, perto dali, Gabriel Netto, 34, artista plástico, foi um dos beneficiados com calçada nova em frente ao prédio onde mora, apesar de o lançamento estar do outro lado da rua. “Deram uma maquiada”, conta. “Também pintaram a parte da frente do meu prédio, colocaram umas plantas na esquina, mas os problemas sociais continuam.” Ele se refere a assaltos.
É que a rua fica perto do viaduto Nove de Julho, e como em toda a cidade, os entornos de viadutos costumam ser mais degradados. Gabriel aprovou as melhorias, mas, se tivesse opção, diz preferir a vista que vai perder à calçada. As reformas foram feitas pela construtora Cyrela. O passeio do condomínio Mood também foi trocado, e as obras, estendidas até a esquina com a rua Avanhandava, onde uma revitalização com o mesmo padrão de calçamento já havia ocorrido.
Como as novas fronteiras para a construção civil são especialmente as áreas degradadas do centro e de antigas zona industriais, como a Barra Funda, a estratégia se torna mais importante ainda. “Nessas regiões, se a gente não tiver preocupação com a aparência do entorno, nem adianta ter projeto e bom preço. Hoje, as pessoas querem sair à pé”, diz Alcides Gonçalvez Júnior, da Fibra Experts. Para Bruno Vivanco, diretor de novos negócios da imobiliária Abyara, a primeira impressão é a que conta na hora de vender. “Durante as reuniões já falo para o pessoal separar uma verba para dar um trato na rua”, diz Bruno.