Comunidades planejadas viram novo enfoque de investimentos
Posted by Fred Rangel Comment |
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jul
Junho/2012 – DCI
A crescente busca por mobilidade urbana trouxe ao mercado brasileiro de construção civil mais uma alternativa de negócio: as comunidades planejadas. O novo conceito, comum nos Estados Unidos, envolve grandes condomínios residenciais privados que contarão com opções de serviços e comércio para que o morador não precise se deslocar. A aposta é uma das frentes mais debatidas na sétima edição do Adit Invest, que termina hoje (22) em São Paulo.
O primeiro exemplo disso, anunciado em Pernambuco, é modelo implementado em Suape. Com investimentos de R$ 6,5 bilhões, e uma área de 4,7 milhões de metros quadrados, o local poderá receber até 60 mil unidades habitacionais, além de toda a infraestrutura de serviços e comércio. E o modelo de negócio é promissor. Conforme pesquisa do Ibope, a perspectiva é que existam no polo cerca de 142 mil postos de trabalho, até 2017.
Pensando nessa oportunidade, a Moura Dubeux Engenharia e a Cone Condomínio de Negócios lançaram a empresa Convida, especializada na implantação de cidades planejadas em Pernambuco. Com o nome de Convida Suape, a cidade ficará entre os Municípios de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. A previsão inicial é de que os preços dos imóveis variarão de R$ 70 mil a R$ 500 mil.
Na divisão do investimento, R$ 4,7 bilhões serão aportados para construção de unidades habitacionais. R$ 1 bilhão virá de incorporadores e fundos imobiliários. O restante será captado por meio do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV).
As obras devem começar em outubro deste ano, sendo que os primeiros produtos imobiliários serão lançados no primeiro trimestre de 2013 e serão voltados especificamente à demanda de trabalhadores da região. “Este será um modelo e exemplo base para todas as outras iniciativas do País, pois haverá a opção da gestão investir em aspectos em que a administração pública não mais oferece, como por exemplo mobilidade urbana”, afirmou Isaías Rodrigues, professor de Economia Imobiliária pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e analista de mercado.
Os planos de mobilidade no Convida Suape não são poucos. De acordo com o projeto inicial, os moradores da cidade e seus trabalhadores terão uma estrutura de vias para ciclistas e pedestres, que se liga a uma rede de transporte público, incluindo ônibus e veículo leve sobre trilhos (VLT). Com relação ao desenvolvimento da obra, o projeto prevê ainda quatro etapas de construção, o que somará dez bairros. E contarão com edifícios médicos, hotéis, centros esportivos, cinema, centro cultural, galeria de ate, alem de biblioteca e campus universitário para capacitação e aprimoramento dos trabalhadores. “Existe uma demanda reprimida por moradia na região. Vai ter público para cada tipo de projeto”, diz o acadêmico.
Outros projetos
Existem várias iniciativas planejada nesse nicho de mercado. Números da Adit apontam que, atualmente, existem 14 empreendimentos de bairros e cidades planejadas para a Região Metropolitana de Recife (RMR), além de Goiana.
“Há muitas perspectivas de negócios nesse setor, que tem crescido apoiado na necessidade de mobilidade urbana”, afirmou Felipe Cavalcante, presidente da consultoria Adit, organizadora da feira.
De acordo com o Cavalcante o crescimento das cidades planejadas não descarta a crescente demanda por empreendimentos residenciais comuns. “Uma coisa não anula a outra, e as edificações que conhecemos continuarão a ser lançadas, mas trata-se de um modelo de negócio que irá crescer consideravelmente, e as construtoras e incorporadoras brasileiras precisam estar atentas”, diz.
Quem está de olho nessa mudança de cenário e pretende encontrar parceiros para investir nesse segmento é a paranaense Construpar, que usará a Adit Invest como forma de viabilizar o negócio. “No Paraná há boas oportunidades demográficas para viabilizar um projeto nessa escala, agora, com a Adit Invest temos oportunidade de conhecer projetos que deram certo nesse ramo”, diz Cláudia Moura, diretora de novos negócios da empresa.
Loteamento
Para o presidente da Associação das Empresas de Loteamento e Desenvolvimento Urbano (Aelo), Caio Portugal, ainda há muito que se caminhar para lidar com esse tipo de gestão, já que o controle fica por conta do meio privado. “Os bairros planejados têm, além das moradias, comércio, serviços e áreas de lazer obrigações com transporte, saúde e educação pública, tudo de iniciativa privada, e por isso deve ser discutido com calma”, detalha.