Cidade tornou-se o 3ª mercado imobiliário de SP
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Julho/2012 – Valor Econômico
Um dos principais temas da disputa é o modelo de urbanização escolhido pelo atual governo, que não criou formas de fixar o cidadão na cidade diante do boom imobiliário.
Atraídas pelo anúncio da sede da Petrobras na região, uma enxurrada de construtoras desembarcou em Santos nos últimos anos. Com dinheiro em mão depois de abrirem capital, as empresas apostaram suas fichas na cidade que tem um dos maiores níveis de poupança per capita do país. Hoje Santos é a terceira cidade em lançamentos imobiliários no Estado. Nos últimos sete anos 84 novos empreendimentos foram construídos; 86 estão em processo de aprovação na Prefeitura; e 132 projetos foram aprovados para execução de obra.
O problema é que a pouca oferta de terrenos (Santos é uma ilha) aliada ao alto custo da fundação do solo ajudaram a turbinar o preço do metro quadrado. Segundo levantamento do Secovi-SP (sindicato da habitação), o preço médio do metro quadrado de um apartamento de um dormitório saltou 139,6% entre agosto de 2007 e abril deste ano. O valor mais alto da categoria chegou a R$ 15.736,00 o metro quadrado.
No caso dos de dois quartos, o valor médio dobrou. Já a valorização média dos apartamentos de três e quatro dormitórios foi de 77,1% e 76%, respectivamente.
Sem área disponível, as construtoras passaram a focar – primeiramente – em lançamentos de alto padrão, acima de R$ 500 mil. O novo cenário obrigou o santista menos abastado a morar nas cidades vizinhas, conforme mostrou o Valor (16/06/2011). O que seria natural em uma região metropolitana – se essa região tivesse mobilidade interurbana, já que as pessoas moram fora, mas continuam a trabalhar em Santos. Hoje, são 251 mil veículos (incluindo motos e carros) emplacados na cidade, o que dá uma das maiores médias por habitante do país: 1,6 pessoa por máquina.
Somente agora, com o estoque elevado de apartamentos de alto padrão, o mercado está ampliando a oferta de unidades na faixa abaixo de R$ 400 mil. “Fico pensando se o setor imobiliário não passou um pouco à frente do pré-sal”, disse Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi em evento realizado neste ano.
O atual modelo de ocupação urbana é resultado do plano de uso e ocupação do solo aprovado na gestão de Beto Mansur (PP), no fim dos anos 90. “Ampliamos o gabarito das construções, o que acabou gerando esse boom imobiliário. Com 39 km quadrados, Santos só tem como crescer para cima”, afirma. O modelo foi praticamente mantido na revisão do ano passado. “Precisamos revegetar a cidade, recuperar áreas impermeabilizadas para equilibrar esse processo de verticalização”, afirma Fábio Nunes (PSB).
Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) afirma que, se eleito, encaminhará proposta de mudança da lei, criando compensações para fixar o cidadão. “Hoje Santos não tem lançamentos abaixo de R$ 130 mil”, pontua. Apesar de ter uma das maiores médias do país de depósito em poupança por habitante (de R$ 7.642,06 em abril, segundo o Banco Central, 43% acima da média da capital São Paulo), Santos tem uma massa salarial menor que R$ 1.500,00. (FP)